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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Chama Alada - Capítulo 1: Ponto de Encontro













1 – Ponto de Encontro
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*Existem anjos. Pessoa que nos protegem, até de nós mesmos. Mas às vezes nos achamos fortes demais e afastamos nossos amigos. Outras vezes, os encontramos.*

É estranho, senti como se minha vida estivesse começando agora, que ia arrumar um emprego. E embora tudo que eu sentisse era temor pelo que eu poderia sentir em breve, eu me impulsionava. Terminei o ensino médio e agora... estava mentindo pela enésima vez de novo para mim... só a pressão exercida pelos outros sobre mim me fez decidir por este caminho. Mas admito que é o caminho necessário a qualquer um.”

Vinícius chegou cedo ao seu novo emprego, no Popcorn Bar. Seus pensamentos ricocheteiam entre frases que estabeleceu para serem ditas, fazer o que tem que fazer finalmente, ter novas oportunidades de viver e medo do novo. E seus sentimentos são anseio de viver e desorientação sobre como agir. Mas sabe que tem que agir. Mesmo que por obrigação.
Vini entrando no bar: _ Lá vamos nós de novo... falando sozinhos. _ irritado consigo mesmo: _ É idiota, pare de fazer isso! Que costume besta, se alguém vir... “deve ser uma pessoa muito solitária”, vão pensar!
Distraído com essa conversa, ele esbarra em um garçom. Se olham nos olhos e Vini desvia como qualquer tímido faria. Mas o garçom estava com uma bandeja e a deixou cair.
Vini, como bom moço, o ajuda a catar os cacos e restos.
Vini: _ Nossa, que ótimo começo, Vini, já entra no bar vazio trombando com as pessoas!
O moço se apresenta: _ Melhor você parar de falar sozinho, já que você não está sozinho. Meu nome é Fabrício.
Se dão as mãos.
Vini olhando o chão: _ Eu te atrapalho, te ajudo, você me faz uma crítica construtiva... dois a um, ainda te devo uma.
Fabrício olha a cara dele, pegando ainda um caco no chão, para se abaixar, para olhá-lo: _ Tem certeza que não saiu de seu rumo procurando um convento?

“É, essa é a apresentação de personagens, começando com o contraste entre o eu inicial, na vida, e o meu oposto Fabrício DeLore. Digo isto porque, diferente de mim, ele já sabia o bastante da vida para saber o que quer e ser decidido. E ainda ser capaz de me assustar como me assustou. Depois de meu encontro com ele, eu fiquei esperando que alguém me avisasse que não eram maníacos-homicidas de 3 metros que se reuniam ali. Um careca de personalidade que se abaixa pra te olhar no olho é excêntrico... para mim. Eu to parecendo bobo, Vinícius bobão. Isso me traz lembranças. Eu apenas me limitei a olhá-lo, sem responder à questão, eu nem o conhecia.”

_ Você não me disse seu nome. _ perguntou.
_ Vinícius. Você trabalha aqui? _

“Minha vergonha estava me atrapalhando a pensar.”

_ Não, só vim vestido de garçom aqui enquanto não está funcionando pra fugir da polícia.
Vini: _ Há, há. _ começando a gostar dele: _ Vamos ser colegas de emprego. Só que eu vou ficar atrás do balcão.
Fabrício: _ Então vai se arrumar. Daqui a pouco enche. E eu espero que você olhe pra frente ou vai cair com a bandeja no colo de algum cliente e só Deus sabe o que esse cliente vai aproveitar pra fazer com você no colo dele. _ ri, mas percebe que o outro levou a sério: _ É brincadeira, vem.
Sai andando e Vini o acompanha.
Algumas pessoas iam entrando quando Vini entra na parte de trás do bar por uma pequena porta. Um homem gordo, como se imagina de todo homem de bar, o atende e Fabrício volta ao serviço.
_ Oi, Vinícius.
_ Oi... Tom? _ perguntando um nome esquecido.
_ Tom. Você já pode começar. Vista esse avental. Eu já te passei as instruções no outro dia, não passei? Vai lá. Ah, você tem uma colega atrás do balcão, a Mel. Ela pode te ajudar no que for preciso.

“Finalmente uma mulher é citada. Eu estava começando a me preocupar. Mas, ainda é tempo da apresentação de Tom. Tom, meu chefe, enérgico como foi visto, focado, até agora tudo que eu podia ver através das atitudes dele eram as próprias atitudes dele, pelos motivos simples e práticos que demonstravam. Estava fácil entende-lo. Parecia superficial, mas de um jeito bom.”

O bar já começou a ficar cheio e algumas pessoas já pediam cerveja. Vini sente que já se arrependeu de ir trabalhar, e não quer fazer isso nunca mais na vida, mas ele continua, esperando se acostumar a estar num lugar onde pode ser olhado, sendo parte da minoria que são os trabalhadores de lá. Minoria, claro, porque tem muito mais clientes que trabalhadores, e sendo assim ele se sente em destaque. E isso o incomoda.
Vini: _ Mel, duas cervejas para a garota de vermelho. _ trabalhando.
Mel apenas ri da falta de jeito dele.
Mel: _ Calma, com o tempo você pega o jeito.

“A Mel é assim. Simples. Será que eu estava achando todo mundo simples?! Digo, humilde, sei lá. Ela parecia ver a vida com uma clareza excepcional. Apesar de gostar de fofoca, e talvez isso a deixasse entender a vida melhor. ...Mas o que eu fui fazer no meio de um bar lotado?”

De-repente um rapaz entra no recinto acompanhado de uma moça. Ela vai até uma mesa onde alguns amigos dela estavam sentados e ele vem até o balcão. Vini os reconhece e parece assustado.
O rapaz vê Vini e começa a gritar alto: _ Vini, bobão! Quem diria que eu iria encontrar Vini bobão! _ e várias frases terminadas com Vini bobão.
Vinícius, tentando contornar a situação: _ O que você vai querer, Marcos?
Marcos não se intimida: _ Sua pobre e indefesa alma.

“Marcos era um terror na escola. E eu pensei que só por lá, que tinha acabado, agora que eu havia terminado o ensino médio. Marcos era um valentão, e onde quer que encontrasse alguém para atazanar, por diversão, para compensar alguma coisa, eu acho, ele o faria.”
Mel vê condescendente a cena e diz, com intimidade, a ele: _ Marcos, por favor, comporte-se, deixe ele trabalhar em paz. _ parecia muito mais velha do que sua aparência permitia sequer supor.
Marcos: _ Mel, agora ele é sua próxima vitima, é isso?
Vini para Mel: _ Vocês se conhecem?
Marcos: _ Ora, ela já foi minha presa sexual. _ se arrepende de ter dito isso no impulso que teve por fazer corar Vini, mas não tem coragem de demonstrar.
Mel: _ Você é um idiota, Marcos. O maior desse bar, eu acho. _ desafiando protegendo sua honra também sem querer.
“Os ânimos estavam se levantando. Eu fiquei quietinho, como alguém que não precisava estragar um primeiro dia de serviço. As pessoas em volta estavam todas passando o olhar para o balcão da discussão. E eu estava cada vez mais em evidência. E Marcos ainda voltaria o olhar para mim para dizer provocações. Sabendo disso, talvez, eu não me contive. Mel seria minha parceira de serviço daquele dia em diante, e eu precisava fazer alguma coisa.”
Vini: _ Marcos, deixa ela em paz, seu problema é comigo.
Mel: _ Que problema, aliás?
Marcos: _ Ele é um bobão, débil mental. Esse é o problema dele.
Vini: _ Marcos era meu colega de sala, e gostava de me implicar.
Marcos: _ Eu gostava de te ajudar a reagir.
Vini, com súbita coragem: _ Por que você não se ajuda a reagir contra seu cérebro diminuto?
Marcos atravessou rapidamente o balcão e deu um soco rápido em Vini, sem que este sequer pudesse antecipar.
Marcos: _ Nunca mais fale comigo desse jeito!
Mel: _ Por favor machos dominantes, comportem-se! _ brava
vini se encosta mais à parede para ficar mais longe do balcão.
Marcos se aproxima mais do balcão.
A mulher que chegou com ele toca o ombro dele como se tentasse acalmar um bicho fora de controle.
“A primeira doce visão de Vitória. Uma garota muito sensual, claro. Mas de personalidade. Ela gostava de andar com todos esses caras que botavam medo, porque ela podia. Mas eles sempre tinham algo mais além da óbvia testosterona. Vitória me protegia de seu namorado na escola. E eu a tinha como uma mãe, em alguns sentidos, porque era impossível ignorar tanta beleza.”
Vitória: _ Marcos, você não toma jeito. É mesmo necessário que eu tenha que te acalmar todo dia na cama antes do sexo?
Vini se engasga com a inusitada conversa.
Marcos: _ Você é tão boa nisso.
Vitória: _ Mas vou acabar te deixando caso sua raiva te faça amolecer.
Marcos: _ Tantas ameaças, tantos sentidos em uma só frase.
Vitória, para Vini: _ Desculpe por isso, Vinícius. Aliás, a gente sempre vem aqui, mas nunca tinha te visto.
Vini, tentado parecer descontraindo: _ É meu primeiro dia.
Vitória: _ Isso não vai te causar problemas, vai?
Marcos: _ Desculpa, aí, cara! _ “controlado, ele podia ser outra pessoa, eu disse que havia sempre mais nos caras da Vitória” _ Eu me exacerbei.
Vini: _ Tudo bem, eu acho que... _ demora demais pra pensar em algo: _ levar um soco é pouco pra uma briga de bar.
Marcos, descontraindo de verdade: _ Briga de bar? Não exagere. Mel, me desculpe!
Mel se vira de costas.
Marcos e Vitória se vão.

“Então é isso, minha primeira noite parecia um presságio.”

*Os amigos, às vezes, aparecem na forma de inimigos. Mas nós nunca podemos perceber o quanto uma pessoa é de anjo, ou de demônio. Talvez não saibamos o que é bom para nós. Acreditamos nisso, mas se não realmente nos avaliarmos, as coisa podem ficar confusas. Onde alguém tenta te fazer bem, pode acabar te mimando e onde alguém tenta te libertar, você pode interpretar como maldade.*

***Chama Alada***

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