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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O Dia em que a Igreja Trouxe o Inferno para a Terra - 005

O Dia Que o Diabo Gostou
Parte 3 - Revolta
Narrado por Gervásio
A violência se espalhou. Jovens gays eram tirados de seus lares na frente de seus familiares para serem espancados em público. Muitos se esconderam. O pior, entretanto, não era o mal feito àquelas almas, mas sim que a cada um que era pêgo, muitos mais sofriam. Seus familiares e amigos. A sensação de andar por Cristalina era de que se estava andando em meio a um cemitério. Exceto pela raiva pêga no ar.
Era claro que eu precisava fazer alguma coisa. De alguma forma, eu me sentia responsável, simplesmente por que eu fazia parte daquele grupo que verdadeiramente iniciou tudo isso. E eu era uma boa pessoa, não podia deixar tantos seres humanos serem mortos, e deixar tantos seres humanos agiram como demônios não-domesticados. Foi por isso que eu reuni um grupo de humanistas e fui em uma passeata até a frente da prefeitura. Foi lá que eu encontrei a doce criatura Evelyn. Ela havia tido a mesma idéia que eu, desde que seu filho Marco sumiu de sua casa, provavelmente se escondendo das patrulhas de homofóbicos. Ela era tão jovem mas já tão marcada pelo sofrimento. Ainda assim, emanava luz.
Quando ambos conseguimos conversar com o prefeito, descobrimos que ele estava a favor do que estava acontecendo. Que, de fato, ele tinha proibido a polícia de fazer alguma coisa a respeito. Segundo ele, estava defendendo os cidadãos de bem de Cristalina. Que acreditava que Cristalina se tornaria um lugar melhor depois, que era um mal necessário a matança. Eu não sei como valeria a pena.
Fomos para a casa de Evelyn, comer alguma coisa. Pude consolar um pouco a amargurada mãe e descobri que ela estava recebendo muitas outras para aconselhar em sua casa. Era realmente uma alma de luz e não merecia tudo pelo que estava passando. Infelizmente ela não parecia constar nas contas dos agressores. Ela confiou em mim a ponto de me levar até onde seu filho, o namorado e mais alguns que eles conseguiram esconder estavam escondidos. Ela me confidenciou que Marco, o filho dela, muitas vezes saía sem dizer onde ia e ela ficava preocupada.
Coincidindo com minha chegada, Marco e Ric, o casal líder naquele estabelecimento, brigavam. Resumindo tudo, Marco queria revidar. Um ponto de desespero surgiu em meu coração, vendo a corrente de violência prestes a se expandir cada vez mais. Observando-me ser engolfado ainda mais pelas lufadas de anticristianismo que assolavam Cristalina. Marco saiu correndo, chorando com raiva, dizendo que iria revidar. Ric estava devastado. Segurei Evelyn em meus braços para que ela não fosse atrás do filho, o que seria uma decisão perigosa e estúpida.
Alguns dias depois, uma jovem se apresentou a mim enquanto eu palestrava sobre igualdade social num colégio. Eu estava me colocando na mira dos filhos do ódio. Era necessidade. Ela se apresentou como Naira, disse ser uma fã e eu imediatamente comecei a pensar incluí-la no que Evelyn e Ric estavam fazendo, ajudando as famílias e os filhos. Pois no papo a seguir a jovem Naira se mostrou uma ferrenha defensora dos direitos dos seres humanos.
Naquela noite, eu vi Marco encontrando um grupo de agressores. Ele também estava com um grupo. E quando os agressores vieram para espancar Marco e seus amigos, mais pessoas saíram das sombras e os espancadores acabaram sendo os espancados. Marco havia se tornado aquilo que ele odiava. Coitada da Evelyn! Marco deu uma olhada para mim, sua face banhada em sangue alheio... e se foi.
Continua

2 comentários:

  1. E como não se encantar com a genialidade dessa analogia que você faz, aos tempos atuais. Não falta muito mesmo pra que hj, o preconceito faça-se escancarar e terminar nesse pandemônio...

    Adorei a idéia do "Armagedon Homofóbico"

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  2. nossa! "genialidade" então ta ne
    vc axa msm q nao falta mto? serio? #medo
    tbm gostei da idéia, apesar de eu axar q outra pessoa poderia desenvolver melhor.

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