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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

A Raiva

Ela me atinge de dentro pra fora
Querendo ser liberta,
Ela me encontraria problemas
Então fortaleço a gaiola com culpa precoce

Ela deseja o sangue de outros
Culpando-os pela minha situação
Ela é feita de inveja e ódio
Ela é magnificente

Eu sou o único oponente dela
E sou o único amigo dela
Eu a segurei e a beijei
E lamento minha perda momentânea de controle

O abraço dela é quente e fofo
É cheio de ódio aquecido
Pintado com as palavras das minhas lágrimas
Eu a toco com minha alma

Por causa dela minha mente se enche
de sonhos de surras em massa e violência gratuita
do desejo inexcusável de machucar
Como se todo o resto que não é eu fosse culpado

Culpando a vida, o mundo, tudo
Tudo é culpado
Tudo deve morrer
Para que a paz possa ser alcançada

Ao invés disso, a paz me escapa
Ela toma o lugar da paz
Se colocando impetuosa no meu centro
Me olhando nos olhos através das barras que coloquei

Às vezes é como se
Tudo que há de mim é ela
Um sentimento que não consigo expurgar
Algo que se tornou eu

Enquanto coloco culpa e falta e desespero
Aos pés de tudo que me rodeia
É tudo sob comando dela
Apesar de eu poder me controlar, ainda sinto

Ela procura meios para ser manifesta
Fazendo de si uma porta para minha escuridão
Areia movediça para o pior em mim
Me imploro para não cair na armadilha

Ela fala de autocomiseração
A voz doce dela prega retribuição
Ela é irracional, feita de espinhos
Espinhos e fogo e perda e beleza

Ela sente tão certa
Como se os feitos dela fossem cumprir a justiça
E ainda eu vejo a verdadeira face dela
Eu sinto cheiro da carnificina

Os gritos da minha prisioneira me abalam
A angústia dela me faz triste
Sou convertido em triste e solitário
E ela é a única a estar aqui

Ela é pregadora de ódio indiscriminado
Professora de todas coisas erradas
E destruidora de mundos, E mesmo assim
Ela é a única que me entende.

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