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segunda-feira, 1 de março de 2010

Chama Alada - Capítulo 5: Novos Amigos




5 – Novos Amigos.
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“A gente só consegue realizar nossos sonhos quando encontramos quem nos ajude com eles.”
Vini acorda com seu celular tocando. Ele atende.
_ Aleph?!
_ Ow, hoje é domingo, então eu estava pensando em te chamar pra gente tocar um pouco hoje na minha garagem. Mas não é pra você fugir.
Vini: _ Pára de graça! _ “É, para de me deixar sem graça!”.
Mel se encontra com Fabrício na feira de domingo.
Mel: _ Oi, Fabrício, como vai?
Fabrício: _ Mal, minha mãe me acordou cedo pra vir comprar coisas pra ela na feira e nem fez cerimônia quanto a isso. Eu nem moro mais com ela, mas ela continua me ligando pra eu fazer coisas pra ela... E aqui não tem nada alcoólico, nem sequer garapa de cana tem aqui!
Mel ri.
E então ela diz, esperando como resposta um “nada” habitual: _ E então, o que você fez ontem à noite? _ “‘Nada’ habitual se refere à nossa educação de responder de maneira simples, fingindo que estamos respondendo, mas na verdade estamos fugindo disso. Então, nada é ‘não responderei’ em eduquês. Isso funciona pra maior parte da sociedade, mas às vezes a gente comete a gafe terrível de responder a uma pergunta.”
_ Bem. Eu saí com umas garotas, com uns rapazes, mas só “fiquei”. Então, por que a pergunta?
Mel: _ Aconteceu alguma coisa. Por que você está respondendo a estímulos sonoros vocais tão bem?!
Fabrício: _ Mel... eu estou preocupado com ele. _ sobre Vini.
Mel: _ E a sua preocupação por estar preocupado, obviamente, é maior do que a própria preocupação.
Fabrício: _ Mel, pra mim está passando a ser você ou ele. Eu estou me tornando ridículo.
Mel: _ Não se engane. Você sempre foi ridículo. Pelo menos dessa vez você está achando que é você que está entre mim e ele e não que eu estou entre você e ele.
Fabrício: _ Você quer sair hoje à noite?
Mel: _ Quero. E vou sair. Com umas amigas.
Fabrício: _ Por que você está me tratando assim?
Mel: _ Olha, obrigada por ter ido visitar a minha irmã comigo ontem. Você foi um amor. Mas você não tem ideia de como é difícil ver ela. E eu sei que você está falando comigo pensando nisso, e isso me faz pensar também, e dói de novo.
Fabrício: _ Vamos sair, então, você, eu e o Vinícius. Talvez a Pollyana.
Mel: _ O mundo não é o espaço compreendido entre a entrada da frente do Popcorn e a dos fundos. Estude geografia.
Fabrício: _ E as suas amigas podiam sair conosco. Você apresenta elas pra gente.
Mel: _ Liga pra ele.
Joanna se olha no espelho experimentando umas roupas novas sexy, para Vini.
“Minha vizinha ainda não percebeu que as pessoas tem que gostar da gente pelo que somos, e não que devemos mudar pra fazer elas gostarem da gente. Gente não-natural não é interessante.”
Vinícius atende o telefone animadíssimo ao ver quem está ligando: _ Mel! _ “Que ridículo!”
Mel constrangida pela animação dele: _ Oi Vini, tudo bem?
Vini: _ Melhor agora. _ “Tá certo que a gente fica bobo quando está apaixonado, mas eu sou o cúmulo.”
Mel: _ Vini, por favor, maneira com isso.
Vini muito constrangido: _ Desculpa.
Mel: _ Então, eu e o Fabrício estávamos pensando em sair hoje à noite, eu vou levar umas amigas e você pode levar a Joanna. _ “Dois homens e um porção de mulheres? Qual é o plano?”
Vini: _ Onde a gente vai? _ com receio de outra boate.
Mel: _ Sei lá, pode ser na sorveteria perto do Popcorn mesmo. _ percebendo o receio dele.
Vini: _ Ah, acabei de me lembrar! Eu vou me encontrar com uns amigos, então não sei se vai dar tempo.
Mel: _ Seus amigos podem ir também.
Vini: _ Falou, então, Mel!
Ela: _ Falou. _ e desliga.
Vini para si: _ A Mel e o Fabrício só andam juntos o tempo todo?
Na feira, Fabrício pergunta a Mel: _ Você acha que esses amigos são uma desculpa, pra não sair com a gente?
Mel: _ Por que, ele não pode ter outros amigos?
Fabrício: _ Claro que si, é só que... eu achei que não tivesse.
Mel: _ Não quebre seu coração por nada, amorzinho. _ brincando.
Fabrício fica bravo com ela, mas se recompõe: _ E então, você acha que o Vini gosta mesmo de você ou ele é só gay que não se aceita e finge pra si mesmo que gosta de você pra não aceitar que gosta de mim?
Mel: _ Vai te catar, carinha! _ E o deixa.
“Espera aí! Que tipo de número de eventos aleatórios levou a isso? Eu estou ‘tipo’ sendo disputado, minha atenção sendo disputada?!”.
Mais tarde, Vinícius estava vendo a banda de Aleph tocar. Ele fica obervando, embalado.
_ Me mostre do que você é capaz. _ É o guitarrista que está chamando Vini, com a guitarra estendida.
Vini: _ Melhor não.
Aleph, em tom ameaçador: _ Melhor sim.
Vini corre e pega a guitarra.
_ Então, o que vocês querem de mim? Mozart, Beethoven?
Eles o olham estranhando.
_ Foi só uma brincadeira.
Uma moça, a vocalista, fala com ele: _ Não liga se eles são esse tipo de pessoas que não conhece música clássica nem de nome. E eu sei que você só conhece de nome. Então, toca aí alguma coisa, qualquer coisa.
_ Qual é o seu nome?
_ Carolina.
Vini: _ Eu esperava que você dissesse Ana Júlia, ou Raimunda, alguma coisa que tivesse uma música, Amélia já servia.
Aleph: _ Vinícius!!! Você pode ir parando, você está evitando de tocar. Acompanha a gente. _ faz um sinal com a mão apontando os colegas e todos começam a tocar.
Vini fica parado, com a guitarra dependurada, os olhando. Então ele começa a dedilhar, e fecha os olhos. “Que sensação é essa? É assim que pessoas realizadas se sentem? Eu estava sendo realizado, a realização de ter a coragem de tentar tocar no ritmo de um grupo de pessoas bem-entrosadas, um grupo no qual eu era um estranho. Coragem é uma sensação poderosa.”
Após o fim da música.
Carolina: _ Caramba, você toca muito bem! Claro, ainda precisa de prática, mas você vai longe.
Ele olha de novo no relógio, enquanto agradece: _ Obrigado!
Aleph: _ Tudo bem? Você tem algum compromisso, você não parou de olhar no relógio um segundo!
Vini: _ É. Eu combinei de sair com uns amigos.
Aleph: _ Tudo bem, pode ir, se você prometer voltar.
Vini hesita em convidá-los, mas respira fundo e vai: _ Na verdade, eles me falaram que eu podia convidar vocês.
Aleph: _ E você não ia fazer isso.
“Eu iria me sentir deslocado em dois grupos ao mesmo tempo, seria um recorde. Talvez tocar seja o máximo de coragem que eu possa exigir de mim. Talvez eu esteja me subestimando.”
Vini: _ Claro que eu iria. É que eu não sabia se vocês iam querer. _ “Estranha essa coisa de afinidade. Eu tenho muito mais com os meus colegas do Popcorn. Se fossem eles, eu contaria toda a verdade. Não, não é bem isso. A verdade é algo que eu gostaria de sempre poder usar. Mas eu mudei um pouco! Antes eu contaria tudo pra ser entendido e facilitar as coisas pra mim, mas agora eu só conto para os meus amigos Fabrício e Mel porque aprendi que não é bom confiar em todo mundo o tempo todo de cara. Mas então será que essa mudança que eu tive sem perceber é pro bem ou pro mal?”
Caroline: _ Onde vocês vão?
Vini: _ Sorveteria.
Caroline beija Aleph: _ Vamos. Eu to doido num sorvete, agora que ele falou.
Aleph: _ A gente vai.
Vini: _ Só vocês dois? _ olha o resto da banda. Um guitarrista e um bateirista.
Eles negam de ir.
Carolina, Vini e Aleph encontram os outros sentados numa mesa ao ar livre da sorveteria. Mel apresenta a outra moça: _ Essa é Pollyana, ela fez faculdade comigo.
Vini se sentando, junto com os outros: _ Você fez faculdade, Mel?
Fabrício: _ Então vai ser assim? Tudo que for dito, você vai fazer se voltar pra Mel?
Vini fica encabulado.
Aleph: _ Então você e ela tem alguma coisa?
Mel e Vini juntos envergonhados: _ Não. Não.
Carolina: _ Môr, para de constranger eles!
Aleph: _ eu não sabia.
Fabrício: _ Hum, vocês são um casal! Então, Pollyana, você prefere que eu ou o Vini façamos com você como fazemos com o sorvete na colher. – e lambe a colher.
Mel estapeando ele: _ Fabrício!
Pollyana: _ Na verdade, eu prefiro os dois ao mesmo tempo.
Fabrício: _ Mel, porque você não nos apresentou sua amiguinha, se é que é só isso, antes.
Aleph cochicha com Vini: _ Agitados, seus amiguinhos, não?
Mel: _ Deu pra ouvir tudo que você falou. Desculpa, eu sei que vendo o Vini não dá pra imaginar que os amigos dele sejam... felizmente a Joanna não está aqui.
Vini: _ Felizmente.
Carolina: _ Coitada, não falem pelas costas dela.
Pollyana: _ Essa Joanna é sexy?
Mel: _ Tá bom, Pollyana, na escola você não era assim. Não pensei que outside você fosse assim uma Fabrício II.
Fabrício: _ Bom pra ela. E ela vai adorar saber que eu e o Vini nos beijamos, assim eu, ela e ele podemos brincar juntos. Será que tem sorvete de tequila?
Vini: _ Fabrício, você consegue manter sua vida pessoa dentro da sua cueca e da sua mente?
Fabrício: _ Se você quiser, eu posso manter minha vida pessoa até dentro da sua cueca, até dentro de você. Basta querer.
Aleph: _ Então, Vini, você é bissexual? _ tentando acalmar os ânimos
Vini: _ Não vamos pôr rótulos nas pessoas. Eu sou um humano de corpo masculino, só isso.
Fabrício: _ Um humano de corpo masculino apaixonado pela humana de corpo feminino Mel.
Vini: _ Eu não devia ter começado a sair com vocês! _ bravo, vai saindo.
Pollyana: _ Eu acho que ele está certo, sobre seu corpo. _ acariciando o ombro de Mel.
Fabrício: _ É assim que vai ser? Eu sou a pessoa que mais te compreende, e você vai ficar emburrado por uma coisinha dessas, é Vini?
Vini bravo, brigando: _ É. Se eu te conto uma coisa, eu não espero que você saia por aí com um megafone gritando.
Fabrício: _ Pra começar, eu não precisaria gritar se eu tivesse um megafone. _ entrando na briga.
Mel, Carolina e Aleph ficam embaraçados. Pollyana gosta de ver.
Vini: _ Você se acha muito engraçado, não se importando de fazer com as pessoas quaisquer coisas, sem pedir permissão nem nada pra elas. Como quando você me beijou ou agora contando tudo isso pra Mel, ou você e ela no telefone tentando decidir meu destino!
Fabrício: _ Eu gosto de você, ok? E eu gosto do meu jeito de agir, sem me preocupar com ninguém além de mim mesmo. Então ou você me aceita como eu sou ou cai fora!
Vini: _ É. É isso mesmo. _ para Aleph e Carol.: _ Desculpa, pessoal. _ vai embora.
Mel: _ Espera, Vini. _ Ele não espera.
_ Eu vou embora, você bem, Polly? _ Mel pergunta.
Pollyana: _ Vou, né. Num tem outro jeito.
Saem sem se despedir de ninguém.
Aleph: _ Falou, cara, até! _ para Fabrício, e ele e Carol saem. Fabrício fica, só, bravo.
“É disso que as relações humanas são feitas. De conflitos de personalidades. Algumas vezes esses conflitos podem resultar em amor, outras vezes em ódio, ou até mesmo indiferença. De qualquer forma, quanto menos se está preparado para um choque entre o seu jeito de pensar em o jeito de pensar de uma outra pessoa, choque que vai ocorrer em alguma ocasião especial, quanto menos se está preparado, maior é a chance de agirmos como se o nosso jeito fosse o certo. Maiores as chances de ser tudo ou nada, de não aceitar conversas pra achar um meio termo. Eu, na primeira vez que vivi esse choque, corri com muita força na direção de acreditar que eu era o certo. Não havia certo. Era o meu jeito. E era o jeito dele. E eu iria me arrepender de ser tão extremo.”

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