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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Pergunta: o que somos nós?

 Apesar da redundância no título: Nós somos o que nós pensamos? Digo, os nossos pensamentos. Somos os nossos sentimentos? Somos a mistura dessas coisas?
Com os nossos pensamentos, nós escolhemos o que vamos fazer, se vamos seguir um pensamento racional ou não, se vamos nos entregar aos ímpetos do coração. Se formos nossos pensamentos, pode-se dizer que somos nossas ações. Porque o resultado do julgamento do nosso raciocínio são todas as coisas que fazemos. Mas isso ignora o fato de que também deve ser considerado como sendo nós a parte de nós que fica no nosso interior, nossos pensamentos, o que os outros não sabem. Inclusive porque essas coisas ditam como vamos agir futuramente. Também pensar que somos nosso pensamento ignora o fato de que às vezes nosso pensamento não consegue controlar a gente e agimos por impulso. Não por escolha, mas porque os sentimentos tomam conta da gente. É um fato de que toda vez que choramos descontroladamente, toda vez que fazemos qualquer coisa que a gente acha que foi sem-querer, a gente estava tentando, talvez inconscientemente, conseguir alguma coisa com aquilo.
O outro lado da moeda seria acreditar que somos nossos sentimentos. Muita gente acredita nisso. Mas na maior parte do tempo nós agimos contra nossos sentimentos, escondendo-os e até querendo que eles não existissem. Se conseguimos agir assim, os sentimentos não podem ser nada mais do que simples pedaços de nós, nunca o inteiro.
Logo talvez sejamos a união das partes. O que significa que somos uma guerra, um embate. Às vezes a razão vence. Às vezes o sentimento vence. O que significa que não temos controle nenhum sobre nós mesmos? Talvez. Mas lembrando que na minha análise de mim mesmo eu percebi que todas as minhas ações, mesmo aquelas que eu achava que eram totalmente atoa ou por desabafo dos sentimentos, eu tinha motivos por trás. Então pode haver uma terceira parte nos controlando? Nosso inconsciente? Talvez o nosso inconsciente esteja escolhendo com base em hipóteses qual lado tem a melhor possibilidade de fazer com que consigamos o que queremos. Mas o que queremos não tem que ser o que nosso ‘eu verdadeiro’ deseja. Isso vai de encontro a essa terceira entidade, o inconsciente sendo nosso ‘self’. O que significa que nós somos o quão somos inteligentes? Ou nós somos nossas memórias? Aí entramos na questão de como somos criados. Como é criada nossa personalidade (um termo bem vago esse, aliás, personalidade). Nossas experiências criam nossa personalidade. O que talvez signifique que nascemos sem nada criado na nossa mente, além, claro, do que a genética faz. Seremos mesmo uma página em braço? Provavelmente as respostas para essas questões estejam na resposta para o que é a alma. Provavelmente nós somos nossa alma. O que significa que somos um conceito ainda mais abstrato do que imaginamos. Se as teorias de reencarnação estiverem corretas, então não nascemos em branco. E, na verdade, para que Deus seja justo (desculpe a heresia) a reencarnação deve existir. Porque senão todas as pessoas nascendo umas em lugares bons, outras em lugares ruins, isso faz com que haja maior possibilidade de que as pessoas com vidas ruins se tornem pessoas ruins. E como se não bastasse o conceito católico-envagélico de inferno já ser injusto, ainda seria mais injusto. Na teoria das reencarnações, todos vão reencarnando até serem perfeitos. Parece um sistema mais justo pra mim. Claro que eu não posso dizer que sei das mesmas coisas que Deus sabe, logo pode haver uma lógica que foge da minha compreensão. Mudamos de assunto, mas tudo bem. Segundo a crença corrente, os bons vão para o céu e os maus vão queimar no inferno pra sempre. Isso seria totalmente sem sentido. Deus, então iria fazer pessoas sofrerem pra sempre pra quê? Prazer macabro? (Desculpa a idéia). Não faz sentido, seria muito mais lógico apagar a existência dessas pessoas. Mas sem saber porque Deus nos criou, todas essas teorias ficam vazias e a própria idéia de tentar não ir para o inferno parece impossível. Além do mais, com todas essas variadas e contraditórias correntes de pensamento sobre quem vai pro inferno e o que é necessário fazer para se salvar, tornam-se ainda mais injustas as idéias de céu e inferno. Afinal, para haver justiça, tem que haver a possibilidade clara de se saber antes de fazer que o que você vai fazer é errado ou certo. É como as leis humanas, elas estão lá, você pode saber o que você vai fazer que vai te levar pra prisão. Isso torna as leis justas. Elas são claras. Mas com todas as idéias opostas sobre o tema aqui na Terra só se torna impossível condenar alguém. A não ser que uma idéia teológica que eu tenho na minha mente estiver correta. Eu creio que sabemos no nosso coração o que é certo e errado e podemos ser nossos guias.   Minha idéia de justiça é simples e, até onde eu sou capaz de pensar, a mais lógica possível. Pra começar, a idéia principal é a de que ‘a nossa liberdade vai até a onde a liberdade do outro começa’. É básico,é fácil, é simples, é verdadeiro. Por exemplo, matar é errado porque? Porque se matamos estamos tolhendo a liberdade da outra pessoa de escolher continuar vivendo. Liberdade significa liberdade de escolha. Pra todas as coisas que existem, essa regra básica vale. Isso é a verdadeira justiça. Todos serem o mais livres que é possível serem. Se todas as pessoas fossem assim, respeitando toda a liberdade alheia, o mundo seria um lugar perfeito. É essa idéia que a Justiça tenta emular. Mas existem algumas idéias teológicas que vão completamente contra essa idéia. E já que eu entrei no tema religioso, vou expor aqui uma outra coisa que muito me intriga: o ódio ao diabo. Eu sei que, se ele existe, ele é uma criatura vil e malvada. Mas cantar ‘pisa, pisa, no inimigo’ parece destilar ódio demais pra mim e começar a se igualar a esse vil ser. Porque se Deus é amor, então não há espaço para ódio. Nem sequer ódio a mais vil das criaturas.

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