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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Repetição Auto-Repetente

Sem delongas, essa vai ser uma postagem bem menos vaga do que eu costumo fazer, ela vai se compor de exemplos.
A simples ideia de um conceito perpetua esse conceito, pois uma pessoa que talvez não fosse ter aquela ideia por si mesma pode fazê-la quando é exposta a ela. Há uma quantidade infinita de pensamentos que uma pessoa pode ter, mas os que se perpetuam na sociedade e na cultura como um todo são os que são repetidos.
O que me faz pensar em coisas como associações de gays, de negros de mulheres. As leis de cotas, de proteção específica a essas pessoas... elas não deveriam ser necessárias, mas são. Em algum momento devem se tornar obsoletas. E então a permanência dessas instituições passaria a fazer um efeito contrário. Ao lutar contra algo que já está quase ultrapassado, elas apenas lembrariam às pessoas da existência dessa ideia.
A luta pelo feminismo, por exemplo, hoje em dia é necessariamente mais leve. Simplesmente por que a ideia hoje é de que ser antifeminista é um absurdo impensável. A ideia de ser contra mulheres é que se tornou tabu. Exibi-la que é condenável. A mulher ser igual ao homem é o que é natural hoje em dia, e seria antinatural, retrógrado, demonstrar outra coisa, mesmo que isso não seja perfeitamente verdade ainda. Não se pode voltar ao passado.
Os negros são também tratados como as pessoas iguais que são. As vezes em que isso não acontece é que são exceções.
A luta dos gays também evoluiu, hoje em dia ser homofóbico é mais condenável do que ser gay, culturalmente.

As nossas novelas, por exemplo, se tornarão ultrapassadas se não evoluírem futuramente. Algumas coisas já se tornaram ultrapassadas. Eu acredito, por exemplo, que não se necessita mais do didatismo presente quando se fala de mulheres que são agredidas pelos maridos. Já foi tratado tanto que está no imaginário popular.

Mais do que isso, as ideias se proliferam através da memética. Nossa cultura torna partículas culturais e unidades feitas de amontoados de partículas culturais em coisas louváveis, no sentido de aumentarem a aceitação das pessoas que agem de acordo com essas ideias. Por isso essas unidades de informação se mantém, sendo passadas à frente, por que as continuamos repetindo e imitando e passando em frente e elas se tornam, então, na nossa cultura. Por que nós agimos de acordo com o que nos é benéfico, e em sociedade acaba sendo benéfico agir de acordo com a cultura. Por isso a cultura se cria automaticamente. Mas talvez possamos ter mais cuidado com aquilo que perpetuamos.

2 comentários:

  1. Essa sua postagem me remeteu a duas coisas: a briga entre as divas do pop music, e as adaptações de obras literárias para o cinema.
    No caso das divas do pop, cria-se todo um "mimimi" sobre quem copiou a música de quem, a coreorafia, o figurino. Se pararmos pra pensar, como você colocou no texto, idéias surgem de idéias. Existem cópias, e existem adaptações, recriações. Ninguém cria a partir do nada. Mesmo a idéia primeira teve uma inspiração.

    No caso das adaptações de obras literárias para o cinema. Algumas pessoas dizem: "ha, aquele filme foi podre... ...o livro é bem melhor, e tal..." Se pararmos pra pensar, é meio lógico que ninguém se sinta 100% satisfeito com o filme. Lendo, é você quem constrói o cenário, os personagens, as ambientações, tudo na sua mente. No filme, não só quem adaptou o roteiro, mas toda uma esquipe, pensou o livro, e colocou as idéias e interpretações no filme. Você não vai querer que isso saia exatamente como você imaginou, né? Seria muita coincidência... rs

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  2. Até nesse tipo de postagem seus comentários são poéticos.

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