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terça-feira, 9 de março de 2021

Cobra


O que está me matando é inveja
Inveja, amigo. Invejo meu amigo
Uma cobra deslizando dentro de mim
Sussurrando desprezo na minha orelha
Me confunde para me ludibriar
Me transforrma no vilão que virei
Através dessa raiva que me toma
Contra quem nada de errado fez
Um sentimento que é meu inimigo
Uma injustiça que sente justificada
Injustiças usadas contra injustiças
Sou a vítima se tornando perpetrador
Amargo no meu centro, quente no núcleo
Fico cego pela raiva cozida lá dentro
Machucado por decepções repetidas
Machucado por quem não quer machucar
Os sentimentos me afogaram por dentro
Sentimentos que são contra quem tem algo
Enquanto eu sou alguém sem nada
Negação é o que conheço, minha amargura
Alma infectada pelo que o amor me fez
Por quão drasticamente ele me desfez
Me pegou o corpo para usar, um boneco
Só posso olhar enquanto me preenche todo
Sou feito de fogo em carne que queima tudo
Pêgo como um pupilo de perda não mitigada
Elevado em um pódio de ossos amargos
Um ode a tudo que é sombrio e destrutivo

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