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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Qualidade x Gosto Pessoal

Seguinte: eu tenho um amigo que acha que todas as músicas mais lentas são músicas se qualidade nenhuma, porcarias. E tem um outro colega que classifica todos os meus gostos (e todos os gostos de outras pessoas que não são ele) como 'bobagem'. Eu queria esclarecer que generalizar é burrice. Depois do 'pulo'.
E que se você não gosta de, por exemplo, música lenta, você não entende o apelo que aquele tipod e som tem para quem gosta. Portanto você só pode dizer que não gosta, não tem embasamento pra criticar a qualidade. Agora dá, sim, pra criticar uma coisa mesmo sem você gostar, se ela estiver incluída num grupo maior. Vou usar músicas como exemplo de novo. Músicas lentas são uma subcategoria de músicas. Portanto herdam características de todas as músicas. Você pode criticar o ritmo, a voz da pessoa... enfim, coisas gerais. Agora você falar que todas as coisas de determinado gênero são ruins só porque não gosta é tremendamente enganoso, vide que simplesmente não estão no seu gosto. As pessoas precisam aprender a diferenciar gosto pessoal de qualidade, duas coisas que não tem absolutamente nenhuma ligação uma com a outra. Você pode desgostar de alguma coisa por ela ser ruim ou simplesmente porque não é do seu gosto. Mas temos que aprender a respeitar o gosto alheio. Coisas que pra você são importantes, para alguém com certeza vão ser bobagens. E vice-versa. e ninguém está certo ou errado. Até mesmo quando se julga as coisas por qualidade há dois lados. Fora que só quem entende o apelo que uma coisa tem, tem o direito de julgar se aquilo tem qualidade ou não dentro daquilo que se propõe a fazer. E mesmo entendendo o apelo que uma coisa tem, você pode não gostar dela, e aí você tem um pouco mais de embasamento pra poder criticar aquilo com mais firmeza. Por isso que generalizações são erradas. E também mesmo sabendo que algo é de qualidade duvidosa, pode-se gostar desse algo. São os chamados 'guilty pleasures'. Por exemplo, eu sei que músicas pop são lixo total, mas eu adoro! E eu posso dizer isso porque eu sei do apelo dessas músicas, mas eu sei que os ritmos delas são repetitivos, que as letras não dizem nada. Isso é uma crítica de qualidade, diferentemente do meu gosto, já que eu adoro essas músicas. É preciso saber separar as coisas.

E já entrando num outro assunto. Ainda no âmbito de -pessoal x público-. Porquê o que a maioria gosta nem sempre é sinal de qualidade (aliás quase nunca é). Coisas com alto valor agregado costumam não fazer sucesso, enquanto coisas feitas sem muito pensamento envolvido fazem o maior sucesso no mundo todo. Isso porque, pra começo de conversa, obras com muita qualidade geralmente nos fazem pensar. Pensar é algo bem pessoal, nos fechamos dentro de nós pra pensar. E quando estamos com amigos vendo filmes, séries, jogando, ouvindo música, lendo... queremos estar com os amigos de verdade. Quando vemos algo que nos faz pensar, precisamos de tempo pra processar o que nos está sendo passado, e perdemos o 'timing' da interação com os amigos. Importante lembrar que obras que nos deem esse tipo de pensamento permitem mais pós-ação, já que teremos muito mais sobre o que falar DEPOIS. Outro fator que causa esse efeito de popularidade de obras ruins é que nós nem sempre estamos aptos a pensar. Todo mundo precisa descansar, e aí vamos para as comédias pastelão sem crítica social nenhuma, para todas as obras com clichés, todas as obras didatistas que se explicam um zilhão de vezes para que não precisemos entender nada. Assim não precisamos pensar e podemos nos divertir do mesmo jeito. Além disso, toda a indústria vem estudando desde seus primórdios o que o público quer. Portanto podem simplesmente dar o que a maioria das pessoas quer. Como, por exemplo, pessoas semi-desnudas e romances água-com-açúcar. Todos os clichés repetidos tantas vezes, com os quais as pessoas se acostumaram. Todas as músicas com refrão chiclete fácil de guardar. E não precisa colocar uma boa trama num filme ou num livro, nem sequer uma boa jogabilidade em um jogo, simplesmente fazer o que pode ser considerado 'fan service'. Depois, tem todas essas pessoas que adoram pegar 'a onda do sucesso'. Tudo que faz sucesso, elas vão achar maravilhoso e deixar de lado todo o senso crítico que tiverem. Todo mundo faz isso pelo menos uma vez na vida, a maioria das pessoas uma porção de vezes. Pensar está desvalorizado. A maioria das pessoas não pensa muito. Qualquer mínimo de identificação que tem com alguma coisa e já consideram essa coisa como o supra-sumo. Fora todo o marketing, que faz com que se torne praticamente proibido estar perdendo aquele filme que é a sensação do momento. E, principalmente, qualidade só vem com originalidade. Copiar coisas antigas que fizeram sucesso não é qualidade. Por isso, qualidade causa estranheza, pois tudo que é novo incomoda um pouco no início. Portanto as pessoas preferem ficar com as idéias antigas, mais fáceis de manusear. Além do mais, mesmo as pessoas que sabem diferenciar qualidade de audiência e popularidade, tem curiosidade de ver se aquele coisa que todo mundo está criticando tem alguma qualidade. Ou então tem naquela coisa um guilty pleasure. Ou então vêem aquela coisa no seu momento de descanso do cérebro e escapismo puro e simples. Então elas acabam dando ibope para as coisas ruins também. E tudo bem. Mas o importante aqui é ressaltar que nem tudo que faz sucesso é bom. E que é importante saber diferenciar.

Um comentário:

  1. Concordo plenamente! POsitivo e operante!
    A diversidade é linda. Nada é completamente bom, ou completamente ruim, e ninguém vai gostar de tudo, ao mesmo tempo.
    Amo as baladinhas... e elas tem sim muito valor! Nem quero saber de que estilo de música esses meninos gostam... rsrs

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